Em entrevista ao jornal O Globo, publicada em 14 de setembro, o economista Alexandre Rands, um dos responsáveis pelo capítulo econômico do programa de governo de Marina Silva (PSB), critica a condução da economia no governo Dilma Rousseff e a influência que ela teria dos economistas da Unicamp.
“Dilma pensa com a cabeça de Campinas, que hoje é um lugar isolado, fora do mundo. Uma ilha que parou no tempo”, afirmou ao jornal. “O governo fica tentando aumentar o crédito para estimular a demanda. É um modelo econômico altamente inflacionário, baseado no (economista) Celso Furtado. A escola de Campinas, e grande parte da esquerda brasileira, não conseguiu se libertar de Celso Furtado”.
Em resposta a essas declarações, o Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), por meio de seu diretor, Fernando Sarti, se pronunciou da seguinte forma:
“A respeito de citação em entrevista do economista Alexandre Rands publicada no GLOBO no dia 14 de setembro, o Instituto de Economia da Unicamp vem a público reiterar seu compromisso com o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Defendemos e exercitamos a qualidade e a pluralidade do debate acadêmico e político e refutamos todas as agressões infundadas e levianas à nossa instituição por motivações ideológicas, partidárias e eleitorais.
A construção da escola de pensamento da Unicamp deve-se à determinação e coragem de um pequeno grupo de intelectuais e pesquisadores que ousaram, há mais de 40 anos, desafiar as visões econômicas convencionais, conservadoras e tecnocráticas existentes, reinventando o pensamento sobre desenvolvimento com base, inicialmente, nas contribuições de pensadores cepalinos como Celso Furtado, Raul Prebisch, Ignácio Rangel, Aníbal Pinto, entre outros.
Desde então, novas e importantes contribuições teóricas, críticas e interpretativas incorporaram e integraram diversas matrizes teóricas, com elevado nível de qualidade e merecido reconhecimento por parte da comunidade científica e acadêmica nacional e internacional.
A Escola de Campinas nunca se limitou ou se subordinou a um único paradigma teórico. Temos convênios acadêmicos com inúmeras universidades latino-americanas, europeias e norte-americanas. Esse esforço é reconhecido nas avaliações criteriosas e insuspeitas das agências públicas e na posição de destaque nos principais rankings acadêmicos.
Temos a grandeza da autocrítica, mas jamais nos subordinaremos aos interesses menores, privados e corporativos que conspiram contra a coragem de pensar e ousar, de querer um país soberano, com o pleno exercício da cidadania e da busca incessante da justiça social. Só assim, devolvemos à sociedade, na forma de conhecimento e de prestação de serviços qualificados e de utilidade pública, o que recebemos em recursos e investimentos.”
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