A mortalidade materna é um grave problema de saúde pública, notadamente nos países em desenvolvimento, onde ocorrem 99% dos óbitos maternos.
Segundo estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca de metade das mortes na América Latina e Caribe se deve a distúrbios hipertensivos e hemorragias. Já na Europa e EUA, causas diretas relacionadas à anestesia e à cesariana são as mais frequentes.
Percebe-se, assim, que, além das diferenças nos níveis de mortalidade materna, as causas mais frequentes da mesma estão relacionadas às condições socioeconômicas e ao acesso dos cidadãos aos seus direitos.
A redução da mortalidade materna foi incluída como uma das oito Metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo prazo de cumprimento termina nesse ano de 2015.
No caso do Brasil, como já discutimos no Brasil Debate aqui , aqui e ainda nesse artigo científico, apesar das quedas da mortalidade materna nos últimos anos, ela ainda é alta e nos coloca em um patamar distante do cumprimento das metas dos ODM.
Além disso, aponta-se que há grandes desigualdades nos índices quando considerada a cor/raça das mães, sua escolaridade e renda e ainda a região do País em que vivem.
O gráfico abaixo, baseado em dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna , mostra as diferenças raciais na mortalidade materna no Brasil.
Percebe-se, assim, que as desigualdades raciais no Brasil se expressam não só no mercado de trabalho (como se vê aqui e aqui e no acesso à educação), mas também na mortalidade materna, cujas causas estão ligadas a questões sociais e ao acesso a direitos: se a população preta e parda no Brasil representa 50,7% da população brasileira, segundo o Censo de 2010, mais de 67% dos óbitos maternos notificados ocorridos em 2014 foram de mulheres negras.
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