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A verdade sobre a Petrobras

Conteúdo especial do projeto do Brasil Debate e SindipetroNF Diálogo Petroleiro

Muito se tem falado sobre a situação da Petrobras. Alguns dizem que está quebrada, outros que tem problemas de caixa ou que está muito endividada. Parece que tudo é negativo.

Este artigo busca esclarecer os petroleiros sobre as verdades que, não sabemos por que razões, não aparecem. Vamos abordar alguns aspectos:

1.Resultados financeiros de 2014 

Em 2014 foram feitos lançamentos excepcionais no resultado da Petrobras que somaram a quantia de R$ 50 bilhões, sendo R$ 6 bilhões correspondentes à Operação Lava Jato e R$ 44 bilhões de baixas de ativos (impairment). Tais lançamentos não têm efeitos financeiros, somente econômicos.

Com isto, a empresa apresentou um prejuízo de R$ 20 bilhões, o que significa dizer que operacionalmente ela teve um lucro de R$ 30 bilhões.

A nosso ver teria sido muito mais adequado, ao invés de lançar estes valores em um único exercício, que fossem amortizados, por exemplo, em 10 anos. Se tivesse sido assim em 2014, teriam sido lançados somente R$ 5 bilhões, e a empresa apresentaria um lucro de R$ 25 bilhões, o que seria muito mais positivo para sua imagem

De qualquer forma, é preciso deixar bem claro para o petroleiro que operacionalmente a empresa estava muito bem. Equilibrada, como sempre foi, nos seus aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais.

2.Preço do barril 

Constantemente, estamos assistindo comentaristas dizendo que as ações da Petrobras perdem valor quando o preço do barril cai no mercado internacional. Ou, inversamente, ganham  valor quando o preço do barril sobe.

Esta é uma informação totalmente distorcida, pois as receitas da Petrobras , à exceção do querosene de aviação, não estão atreladas ao preço internacional do petróleo. As receitas da Petrobras são geradas pelo que nós pagamos internamente pelos combustíveis.

Apesar de a empresa não ter nenhuma transparência sobre o assunto, nós acreditamos que hoje o que nós pagamos internamente pelos combustíveis corresponda a um preço de barril entre U$ 70 e U$ 80. O que cobre com folga todas as suas necessidades.

Na verdade, a queda no preço do barril MELHORA os resultados da Petrobras por dois motivos básicos:

– Reduz o pagamento de royalties e participações especiais que são atrelados ao preço do barril

– Aumenta o lucro da Petrobras nas operações de importação e revenda de gasolina

Isto pode ser visto claramente nas Demonstrações Financeiras do 3º trimestre de 2015, publicadas pela Petrobras, nas quais a margem operacional apresentou um crescimento de 148% em relação a 2014. As notas explicativas falam que esta melhoria foi causada pela queda no preço internacional do petróleo. BASTA LER.

3.Resultados de 2015

No 3º trimestre de 2015 a empresa registrou um prejuízo de R$ 3 bilhões, causado por lançamentos de gastos não operacionais, com perdas cambiais (R$ 6 bi) e aceite de pendências trabalhistas e tributárias (R$ 2,5 bi). Portanto, operacionalmente ocorreu um lucro de R$ 5,5 bi.

Estranhamente, na última reunião com a FUP, tratando da PLR, os representantes da empresa disseram que temem que o resultado do 4º trimestre venha tão negativo que elimine o lucro acumulado de R$ 2 bi. Ora, tudo indica que o resultado do 4º trimestre será muito bom, principalmente devido a:

– Não haverá perda cambial, pelo contrário, deve ocorrer um pequeno ganho, pois o câmbio evoluiu positivamente

– No final de setembro houve um aumento de combustíveis que vai aumentar a receita da empresa e melhorar o resultado.

Portanto, fica a pergunta: será que vão fazer lançamentos não operacionais (baixas de ativos e aceite de débitos) em tal volume que vão cobrir o lucro do 4ª trimestre e o lucro acumulado de R$ 2 bilhões???

Não conhecemos o conteúdo destes lançamentos para saber de sua validade, mas, por que não adiar estes lançamentos para 2016, permitindo que a empresa apresente lucro em 2015, melhorando sua imagem e assumindo a PLR dos petroleiros (que não têm nada com isto)?

POR QUE A OBSESSÃO PELO PREJUÍZO???

4.Endividamento 

Constantemente apontado como o maior problema da Petrobras, principalmente por pessoas mal intencionadas, ou na melhor das hipóteses, mal informadas, o endividamento da Petrobras foi incrementado para a exploração do pré-sal.

Muitos disseram que a Petrobras não conseguiria tirar petróleo no pré-sal. Em dezembro, só o poço Lula extraiu mais de 400.000 barris dia. Agora muitos falam que o pré-sal é inviável economicamente com os atuais preços do barril. Mas, como já vimos anteriormente, a receita da Petrobras não tem vínculo com preço internacional de petróleo.

Fala-se também em problema de “alavancagem”. Mas como avaliar alavancagem se os poços mal começaram a produzir? Se ainda estão sendo feitos investimentos em plataformas de exploração? Uma empresa que está se endividando para investir em futuro aumento de produção não pode ser cobrada antes da conclusão dos projetos e sua entrada em operação.

No início de 2015, a dívida de longo prazo da Petrobras era de R$ 350 bilhões. Com a evolução cambial, principalmente no 4º trimestre, a dívida subiu para R$500bilhões.

É um problema sobre o qual a empresa não tem controle e que atinge todas que têm dívidas em moeda estrangeira. (O prejuízo da Vale no 3ª trimestre foi causado exclusivamente por perda cambial).

Mesmo assim, acreditamos que este não é um problema grave para uma empresa que hoje já tem um faturamento anual superior a R$ 300 bilhões. Assim, a relação dívida/receita é de 1,6.

Vocês sabem bem que qualquer de nós que, por exemplo, tenha uma receita anual de R$ 100 mil, consegue obter um financiamento imobiliário de R$ 250 mil. Ou seja, uma relação dívida/receita de 2,5.

Talvez a Petrobras precise mudar o perfil de sua dívida, alongando o prazo de amortização. Mas isto não é “bicho de sete cabeças”.

5.O caixa da Petrobras 

Temos ouvido, pacientemente, muita gente boa dizer que a Petrobras precisa se desfazer de ativos por necessidades de caixa. Em entrevista recente, o presidente Bendini informou que o caixa da Petrobras é “robusto”.

Na verdade, o presidente foi modesto, pois acreditamos que a Petrobras tenha hoje o maior nível de caixa da sua história. As Demonstrações Financeiras do 3º trimestre de 2015 mostram um caixa de R$ 100 bilhões. Ou seja, o equivalente a US$ 25 bilhões. Calculamos que isto seja dinheiro suficiente para comprar à vista a Arcelor Tubarão + Samarco + Fibria.

O caixa da Petrobras hoje cobre 91% do seu Passivo Circulante. Isto quer dizer que a empresa tem em caixa recursos suficientes para cobrir 91% de tudo que ela tem para pagar nos próximos 12 meses. Poucas empresas no mundo têm um caixa tão confortável.

Sendo assim, a empresa pode apresentar qualquer motivo para se desfazer de ativos, menos que seja por necessidade de caixa.

6.Conclusão 

Portanto, apesar de todos os problemas atuais, a Petrobras continua muito bem, nos seus aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais. Tudo por um simples motivo: O NEGÓCIO É MUITO BOM

Aconselhamos todos que puderem a entrar no site da Petrobras e ver as Demonstrações Financeiras. Não deixem de ler as notas explicativas

Ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos no nosso email :c.claudiooliveira@hotmail.com

Crédito da foto da página inicial: Divulgação/Petrobras

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