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RJ: Bibliotecas públicas inteligentes para reduzir desigualdades sociais

  • Foto do escritor: Edina Pereira dos Santos, Everlam E. Montibeler e Daniel R. Cordeiro
    Edina Pereira dos Santos, Everlam E. Montibeler e Daniel R. Cordeiro
  • 10 de fev.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 20 de mar.



Embora o Rio seja uma das cidades brasileiras mais proativas na adoção de tecnologias inteligentes, o sucesso dessas iniciativas depende de uma abordagem integrada, que contemple a inclusão social. Uma experiência que pode servir de inspiração é a das Bibliotecas Parque de Medellín, na Colômbia

Artigo produzido para a coletânea Opina Rio (número 5), coordenada por Bruno Leonardo Barth Sobral


As cidades inteligentes emergem como uma resposta às complexas demandas urbanas contemporâneas, combinando tecnologias da informação e comunicação (TIC) para promover o desenvolvimento sustentável. De acordo com Batty et al. (2012), uma cidade inteligente é aquela que utiliza a tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, otimizar recursos e promover a sustentabilidade. No Brasil, o Rio de Janeiro é uma das cidades que mais enfrentam desafios nessa área, devido à sua extensa desigualdade social, altos índices de violência e desafios econômicos.


Porém, para abordar o posicionamento do Rio de Janeiro (RJ) no contexto das cidades inteligentes, é fundamental considerar tanto as iniciativas tecnológicas implementadas quanto os desafios que a cidade enfrenta. O Rio de Janeiro tem se destacado no cenário brasileiro e internacional como uma cidade que busca integrar tecnologias de informação e comunicação em sua gestão urbana, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, aumentar a eficiência dos serviços públicos e promover a sustentabilidade.


O uso de TICs desempenha um papel importante na redução de índices de violência e na promoção da segurança. Afirma-se isso pelas iniciativas de aplicativos de monitoramento de crimes desenvolvidos pela prefeitura do Rio. No entanto, a violência ainda é um grande obstáculo para o desenvolvimento econômico e social da cidade (Casa Fluminense, 2022).


Quando falamos sobre cidades inteligentes é necessário explicitar que os indicadores de uma cidade inteligente são multifacetados e abrangem desde a infraestrutura digital até a inclusão social. Entre os principais indicadores destacam-se a governança digital, a mobilidade sustentável, a gestão eficiente de recursos naturais e a participação cidadã. Segundo Hollands (2008), a inteligência urbana não se restringe à adoção de tecnologias, mas envolve também a criação de ambientes inclusivos que fomentem a participação dos cidadãos na tomada de decisões.


Além disso, podemos observar que a desigualdade socioeconômica e a exclusão digital são fatores que devem ser levados em consideração para que haja uma reflexão no fazer ou estruturar “Cidades Inteligentes”. Embora o Rio de Janeiro tenha se posicionado como uma das cidades brasileiras mais proativas na adoção de tecnologias inteligentes, o sucesso dessas iniciativas dependerá de uma abordagem integrada que contemple, além da inovação tecnológica, políticas públicas voltadas para a inclusão social, a segurança e a sustentabilidade econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento de uma cidade verdadeiramente inteligente.


Um dos principais exemplos dessa abordagem, o COR, utiliza uma vasta rede de câmeras, sensores e sistemas de comunicação para monitorar a cidade em tempo real, permitindo a coordenação eficaz de operações críticas como o controle do tráfego, a resposta a emergências e a gestão de grandes eventos, como o Carnaval e os Jogos Olímpicos de 2016 (Furtado et al., 2019). Esse centro é frequentemente citado como uma referência em governança urbana apoiada pela tecnologia, demonstrando como a inovação pode ser aplicada na prática para beneficiar a administração pública e a sociedade.


Além disso, o Rio tem investido em iniciativas de sustentabilidade, incluindo projetos de energia limpa e a modernização de sua infraestrutura de transporte público. A implementação dos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) no centro da cidade e a expansão da rede de ciclovias são exemplos de esforços para reduzir a emissão de gases poluentes e melhorar a mobilidade urbana (Silva & Rodrigues, 2020). Essas medidas refletem a preocupação da cidade em alinhar-se com as metas globais de sustentabilidade e mobilidade urbana sustentável. 


No entanto, o desenvolvimento do Rio como uma cidade inteligente enfrenta desafios significativos. A desigualdade social, a violência urbana e as dificuldades econômicas limitam o alcance e a eficácia de algumas iniciativas. Embora a infraestrutura digital da cidade seja avançada em alguns aspectos, ainda há uma necessidade de expandi-la para garantir que toda a população tenha acesso igualitário aos benefícios proporcionados pelas tecnologias inteligentes (Alves, 2021). Assim, é necessário questionar até que ponto essa visão de cidade inteligente pode ser realizada em um ambiente onde os problemas estruturais não são adequadamente enfrentados. 


Verifica-se que uma solução potencial reside na transformação digital da cidade, utilizando a tecnologia para melhorar a eficiência dos serviços públicos, promover a inclusão social e reduzir a desigualdade. No entanto, para que essa transformação seja eficaz, é necessário um esforço conjunto de governo, setor privado e sociedade civil (Caragliu et al., 2021).


Uma possível solução para mitigar as desigualdades educacionais e digitais no Rio de Janeiro reside na modernização e na expansão das bibliotecas públicas, pois tais equipamentos têm o potencial de se tornarem centros de inovação social e digital em uma cidade inteligente. Além de promoverem o acesso à informação e ao conhecimento, elas podem funcionar como espaços de inclusão digital e capacitação profissional.


No Rio de Janeiro, a modernização das bibliotecas públicas poderia contribuir significativamente para a redução das desigualdades educacionais e digitais, conforme sugerido por Koizumi (2017). As bibliotecas também podem atuar como espaços seguros em comunidades afetadas pela violência, proporcionando oportunidades de desenvolvimento pessoal e comunitário, e como hubs de conhecimento, contribuindo assim para a construção de uma cidade mais inclusiva e participativa. 


Nesse sentido, temos como exemplo notável a experiência das Bibliotecas Parque de Medellín, tendo essas desempenhado um papel central na revitalização urbana e na promoção da convivência social em áreas afetadas pela violência e desigualdade (Hübner, 2020). De forma inteligente, as bibliotecas públicas possuem um papel significativo na redução da desigualdade. No entanto, para que isso ocorra, é necessário um investimento significativo e uma visão estratégica que integre essas bibliotecas no plano de cidade inteligente.


Dessa forma, é possível afirmar que, para que o Rio se torne uma cidade inteligente e sustentável, é fundamental enfrentar os desafios relacionados à violência, desigualdade e desenvolvimento econômico. Ainda, a aplicação dos ODS como uma estrutura orientadora pode facilitar esse processo, enquanto as bibliotecas públicas podem desempenhar um papel central na promoção da inclusão digital e social.


A transformação digital da cidade, apoiada por uma governança eficiente e pela participação cidadã, é essencial para que o Rio de Janeiro alcance seus objetivos de desenvolvimento sustentável.

 

Título original: “Desafios das Cidades Inteligentes: A Expansão de Bibliotecas Públicas Inteligentes como Proposta para Redução das Desigualdades Sociais na cidade do Rio de Janeiro/RJ”.


Crédito da foto da página inicial: José Cruz/Agência Brasil.


Sobre os autores:


Edina Pereira dos Santos é graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES). Membro do LabCidades (UFES).


Everlam Elias Montibeler é doutor em Economia Aplicada pela Universidade Complutense de Madrid (UCM). Professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Docente permanente do PPGER da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Coordenador do LabCidades (UFES).


Daniel Rodrigues Cordeiro é mestre em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Professor do Departamento de Administração da Universidade Iguaçu (UNIG) e do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Membro do LabCidades (UFES).


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