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As bobagens do primeiro turno não podem se repetir no segundo

Aspectos negativos da campanha eleitoral do PT no primeiro turno foram as bobagens, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, que subestimaram os adversários da direita.

Pensaram vencer na primeira rodada, e fizeram pouco dos alertas quanto à dureza da campanha e a ida para o segundo turno. Ou desdenharam o sentimento de mudança da  população, principalmente da juventude, e a existência de uma onda antipetista, achando suficiente divulgar o que o governo fizera.

A lista de bobagens é maior, mas ficamos nessas. Emblemáticas e estratégicas, elas ainda não foram jogadas no lixo, como deveriam.

Por exemplo, há quem acredite que, com 8 milhões de votos na frente, e longa lista de realizações sociais, Dilma não teria como perder a eleição.

Isso, embora os dados mais importantes sejam os 4 milhões de votos que ela perdeu em relação a 2010, e o fato de Aécio ter ido para o segundo turno num movimento ascendente.

Agora, a bobagem da confiança inabalável da vitória de alguns se  transformou em derrotismo fatalista, pelo apoio dos partidos de Marina a Aécio. Mas, o que se podia esperar dos que se engajaram no radical-neoliberalismo de Marina? Se a confiança absoluta na vitória era uma bobagem infantil, o derrotismo fatalista é uma bobagem senil.

Para abandonar essas bobagens paralisantes é preciso considerar que nos 4 milhões de votos perdidos, e em outros milhões que podiam ter sido conquistados, há parte considerável que não votou em Dilma porque ela não representou seus sentimentos por mudanças. E outra parte foi atingida pela campanha massiva de que o PT e o governo são corruptos.

Esses milhões englobam parte considerável da juventude, e estão principalmente nas grandes e médias cidades. Em geral, são favoráveis à esquerda, mas se dispersaram entre a esquerda da esquerda e o PSB-Marina, ou se abstiveram. São esses milhões de eleitores que precisam ser recuperados para evitar o retrocesso tucano.

Para isso, o PT e Dilma terão que apresentar as mudanças sociais, econômicas e políticas que implementarão. E enfrentar com dureza a campanha de baixo nível que identifica o PT com roubalheira, demonstrando a diferença entre o PSDB e o PT nesse terreno.

O PSDB varreu para baixo do tapete todas as investigações sobre a corrupção. Comprou votos para a aprovação da reeleição de FHC. Criou o caixa dois e o mensalão em MG. Fez uma meganegociata com os trens de São Paulo. Deixou Aécio construir um aeroporto em terra de parente. Se as investigações forem mais longe, vão aflorar outras negociatas do PSDB, inclusive as privatização de estatais no governo FHC.

O PT, ao contrário, desde o governo Lula, fez a polícia federal investigar até o fim todas as denúncias, mesmo aquelas envolvendo petistas. E isso continuará sendo feito, doa a quem doer.

Se houver petistas envolvidos, nada será feito para salvá-los. Justamente o contrário do que faz o PSDB, embora a grande imprensa esconda os malfeitos desse partido. Amplificam o caso da Petrobras, ainda sem provas concretas, para encobrir a corrupção dos trens paulistas, e o mensalão e o aeroporto tucanos.

Para coibir a corrupção, será necessário lutar pela proibição do financiamento privado das eleições. Exigir penas mais duras para os corruptores. E aumentar o controle social sobre as despesas governamentais, coisa que o PSDB teme porque vai dar um nó em seus propinodutos secretos.

Mais do que antes, Dilma e o PT terão que avançar na democratização do capital. Isso tanto na indústria e na agricultura, quanto no comércio e nos serviços, aqui incluído o oligopólio das comunicações. O que exige uma reforma política, por uma assembleia constituinte exclusiva, na qual os constituintes não possam legislar em seu próprio interesse parlamentar.

No campo social, terá que haver ainda mais médicos, mais agentes de saúde, mais equipamentos ambulatoriais e hospitalares, mais especialistas, mais professores, mais salários, mais qualificação pedagógica, mais salas de aula, mais formação profissional e técnica.

Ou seja, terá que haver mais investimentos nesses setores sociais, ao invés de cortes de despesas, como ameaça Aécio. E mais recursos públicos para esses investimentos.

O que só é possível gerando mais riquezas na produção industrial e agrícola. Ou seja, produzindo mais alimentos e bens de uso cotidiano, baixando preços, e combatendo a inflação através dessa mais oferta. O que criará mais empregos e mais salários, e oferecerá créditos a juros mais baixos. O oposto dos juros mais altos, de mais desemprego e do arrocho salarial prometido por Aécio para combater a inflação. Inflação, aliás, que está longe dos 19% da era FHC.

Num novo mandato, Dilma terá que emplacar uma reforma tributária na qual paga mais quem mais ganha. Terá que lutar por uma jornada de 40 horas semanais para criar mais empregos. E rever o fator previdenciário para melhorar a condição dos aposentados.

Ou seja, o PT e Dilma precisam recuperar o espírito de luta que sempre marcou sua militância e lutar com vontade para recuperar os votos dos jovens, dos trabalhadores e outros setores populares que perderam a confiança no PT. O mesmo é válido para a ação junto aos setores médios progressistas e/ou de esquerda que não conseguem enxergar diferenças entre Dilma e Aécio. E para o enfrentamento das agressões.

Quanto às manipulações das pesquisas eleitorais, o PT precisa aproveitar as experiências das campanhas em vários estados, como na Bahia. Sem desprezar as pesquisas, é preciso neutralizar aquelas que induzem o voto na candidatura da direita neoliberal. Ou, se for o caso, desmoralizar aquelas que agem abertamente nesse sentido.

Bem vistas as coisas, para conquistar a vitória e reeleger Dilma, é preciso evitar as bobagens, tanto da arrogância triunfalista quanto do derrotismo fatalista. E conclamar os eleitores para mais reformas democráticas e populares, mais lutas contra a corrupção, e para evitar que a direita reacionária volte ao governo.

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